Com resultados cada vez mais expressivos no esporte, vemos a diferença de desempenho entre homens x mulheres diminuir ano a ano. Porém, ainda encontramos pessoas “torcendo o nariz” em reconhecer tais resultados. Neste sentido, vamos tentar esclarecer essas questões com algumas evidências científicas.
Em muitos esportes onde somente força e potência são necessárias, homens apresentam um melhor desempenho em relação às mulheres. Isso acontece devido aos homens apresentarem uma quantidade de massa muscular e liberação de hormônios maior que as mulheres. No entanto, até mesmo nesses esportes, a diferença entre gêneros é cada vez menor. Um bom exemplo é a prova mais tradicional do atletismo, os 100m rasos, onde a diferença entre os recordes masculino e feminino é inferior a 1s, com o Jamaicano Usain Bolt correndo para 9,63s, contra 10,49s da americana Florence Griffith-Joyner.
Certo, mas e na escalada?
Bom, na escalada as diferenças tendem a ser ainda menores, pois em nesse esporte, as variáveis necessárias para obtermos bons resultados vão muito além de força e potência, sendo necessários uma excelente flexibilidade, equilíbrio, consciência corporal, força mental e baixo peso (como retratamos em nosso primeiro artigo) . Isso faz com que as mulheres tenham resultados semelhantes (ou muitas vezes superior) aos homens.
Em estudo sobre testes de força específicos para escaladores Quaine and Vigouroux, (2004), concluiu que a principal força de resistência que um escalador deve lidar enquanto escala vem do seu próprio peso, isso significa que o fato das mulheres terem menor massa corporal pode ser uma vantagem na hora de escalar. Além disso, mulheres tendem a ser mais flexíveis e ter melhor consciência corporal que homens potencializando ainda mais o desempenho.
Saindo do campo da teoria, no mês passado (Fevereiro 2017) tivemos a incrível marca da escaladora americana Margo Hayes, que tornou-se a primeira mulher a escalar um 5.15a na Espanha. Desde 1994, apenas um grupo seleto com cerca de 10 pessoas tinha completado essa via, demonstrando a grande importância desse feito para as mulheres.

Por fim, a pesquisa realizada por Skelly et al (2017), não encontrou diferença nas respostas musculares entre homens e mulheres após treinamento intervalado de alta intensidade. Isso demonstra que as adaptações ao esporte são similares.
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Agora, quando alguém “torcer o nariz” para a evolução das mulheres na escalada, é só apresentar as evidências.
Referências
Quaine F, Vigouroux L. Maximal resultant four fingertip force and fatigue of the extrinsic muscles of the hand in different sport climbing finger grips. Int J Sports Med, 2004
Skelly LE and Gibala MJ. Effect of sex on the acute skeletal muscle response to sprint interval exercise. Exp Physiol. 2017 Mar 1;102(3):354-365.
Acredito que o que mais nos limita é a educação diferenciada. Pois aos homens, em sua maioria, é incentivada a atividade física e os desafios. Já nós mulheres somos orientadas a não se sujar, não ter atitudes “de menino” pq é feio, etc. Mesmo querendo romper essa barreira o processo é lento. Mas estamos melhorando muito e é o que importa.
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Ok, mas então tem algo que eu não entendo (sou leiga, mas tenho lido bastante). Se não há diferença para homens e mulheres, pois a força e a resistência estão relacionadas apenas ao próprio peso, em que parte entra o VO2 máximo, que, além de ser um parâmetro muito importante de condicionamento físico de um indivíduo, é encontrado com um valor muito maior em homens do que em mulheres em várias referências? Além disso, pelo que tenho lido, o índice de VO2 máximo é tão maior quanto menor for a taxa de gordura (que costuma ser maior em mulheres) e maior fora taxa muscular (que costuma ser maior em homens).
Apesar de vermos mulheres despontando, será que atribuir isto apenas a resistência atrelada ao próprio peso não ficou um pouco vazio?, o que eu tenho visto são muitas meninas treinando muito pesado. Também posso estar enganada, mas fica bem evidente para mim o quanto as mulheres precisam se esforçar mais quando começam a praticar a escalada para se desenvolverem, são poucas que chegam em um ginásio pagando uma barra e tenho certeza que isto não tem nada a ver com sexismo e educação diferenciada, mas deve estar mais ligado a testosterona…
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