Um bom par de botas é parte fundamental de todo equipamento de montanhismo. Elas podem ser responsáveis pelo sucesso ou fracasso de uma aventura; desta maneira, antes de ir às compras, todo montanhista necessita saber o básico sobre como escolher a bota certa.
Pensando nisso, nós dividimos os calçados em 4 categorias (A, B, C e D), sendo a categoria “A” de tênis leves para hiking, e a “D” de botas pesadas e extremamente técnicas.
Categoria A – Tênis
Nesta categoria estão os calçados leves de hiking, que são basicamente tênis atléticos que oferecem um pouco mais de proteção que calçados regulares.
Essa proteção é oferecida pelo solado mais grosso e interior mais confortável proporcionando uma segurança extra aos pés em relação ao chão áspero. São extremamente leves e macios, sendo indicados para uso em trilhas leves em geral.
Alguns tênis, como diversos modelos das marcas 361º, Salomon ou Columbia, possuem um perfil para a corrida em montanha, ou Trail Running, que muitas vezes fazem com que percam a resistência para aumentar o conforto e a leveza do calçado.
Vale pesquisar antes de adquirir o seu, para saber se o tênis foi feito para caminhada ou corrida em montanha.
Categoria B – Botas médias
As botas médias são tipicamente usadas de pequenas até grandes travessias, mas não em alta montanha. Oferecem proteção ao tornozelo e são bastante robustas. A sola e a construção geral são menos flexíveis que os calçados da categoria A, mas não são completamente rígidas.
Algumas marcas como a Vento, possuem botas que são mais “maleáveis” que suas concorrentes, fazendo com que sejam mais confortáveis durante o caminhar.
São indicadas para todos os tipos de caminhada abaixo de 3000m.
Categoria C – Botas pesadas
Aqui está a elite das botas, e como o nome sugere, são desenhadas para terrenos pesados como a região dos Andes.
Elas possuem características, como: proteção aos dedos, solas reforçadas, sistema extra de absorção de impacto e membranas impermeáveis, que garantem o conforto e robustez para grandes travessias.
Além disso, alguns modelos são compatíveis com crampons para escalada alpina. Em geral, são projetadas para oferecer o máximo de segurança e permanecer seca e respirável durante todo o período de utilização.
Algumas marcas como a Boreal, Salomon e La Sportiva possuem ótimas botas pesadas.
Indicadas para terrenos muito difíceis.
Categoria D – Botas de alta montanha

Essa categoria deve ser usada somente em alta montanha. Possuem solas muito rígidas e frequentemente são usadas na combinação com crampons.
Uma das melhores marcas do mundo para botas de alta montanha é a La Sportiva.
Indicadas para escalada acima de 4000m.
Agora que você já conhece as 4 categorias, vamos apresentar algumas características que você deve considerar antes de realizar qualquer compra:
Peso:
Há um ditado entre os montanhistas estrangeiros que diz: “um quilo no pé é igual a 5 nas costas”, portanto quanto mais pesada é a bota, mais trabalho você terá;
Impermeabilidade:
Água em nossas botas é definitivamente ruim, pois além de mal odor, pode causar bolhas e extremo desconforto; porém, nós devemos considerar materiais à prova d´água que permitam que nossos pés respirem e deixem a transpiração escapar;
Solado:
O suporte adequado não permitirá que seus pés se “achatem” sob pressão, evitando assim a dor plantar. Adicionalmente você pode considerar a aquisição de meias para trekking;
Proteção contra lesões:
As duas lesões mais comuns são: torção de tornozelo e pressão nos dedos. Portanto, quanto mais difícil for o terreno, mais apoio para o tornozelo será necessário. Além disso, se a atividade for em terrenos irregulares (com muitas descidas por exemplo) será necessário garantir que seus dedos fiquem bem acomodados, evitando o incômodo nas unhas;
Suporte de carga:
Quando carregamos mochilas pesadas, torna-se necessária uma bota com um bom alcance de movimento. Também é importante analisarmos os mecanismos de proteção que impeçam os pés de trabalharem dentro da bota, (por exemplo: pés deslizando para frente e para trás);
Língua reforçada:
Esse tipo de reforço evita que pequenas pedras, água e detritos entre no calçado durante a trilha;
Biqueira:
Esse tipo de proteção localizada na frente da bota é feita de borracha e é essencial para reforçar as áreas mais impactadas da bota. Além disso, aumenta a vida do seu calçado e adiciona proteção extra ao dedo do pé;
Forros e revestimentos:
O Gore-tex (que é uma membrana muito fina e com muitos microporos) oferece conforto e respirabilidade; porém, em altas temperaturas, revestimentos com tecnologia de alta absorção de umidade como o Dri-Lex são a melhor opção;
Altura do “cano”:
Canos largos garantem mais conforto e um maior suporte ao tornozelo.
No entanto, na hora de escolher o calçado, muitas pessoas se deixam levar pela marca ou aparência, porém, montanhistas inteligentes ignoram essas questões. Sendo assim, a única maneira de saber se a bota foi feita para os seus pés é através de um bom teste.
Abaixo apresentaremos algumas dicas:
Teste sensorial:
Sem meias, você deve colocar a bota e sentir se há alguma região em que a bota está “pegando”, se não houver, repita o procedimento com as meias;
Teste da passada:
Prove a bota e caminhe pelo local. Sinta o que acontece! Caso seus pés deslizem levemente, ou o seu calcanhar se mova junto com a bota (como uma unidade), significa que o calçado está grande demais;
Teste em declive:
Para completar peça ao vendedor uma prancha com declive, fique em pé e veja como se sente. Caso os dedos toquem a frente da bota, peça meio número maior, se continuar, passe para o próximo modelo.

Por fim, para encontrar o par ideal (rs…), basta aplicar as dicas acima durante a prova e correr para o abraço, ou melhor, para a montanha.
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