A escalada em rocha está entre as atividades esportivas que mais cresceram nos últimos anos. Por exemplo, nos EUA, dados estatísticos demonstraram um aumento de 8% entre os anos de 1980 e 1984, 12% entre 1985 e 1990 e 10% entre 1999 e 2009.
Como resultado, a vegetação de montanha, historicamente um dos habitats menos perturbados pela colonização, está enfrentando uma pressão humana jamais vista.
Ao mesmo tempo, a relativa dificuldade de acessar esses locais (especialmente no Brasil) tem impedido biólogos de realizar pesquisas, resultando em uma certa escassez de informações sobre o impacto da escalada, deixando assim uma lacuna no conhecimento necessário para uma adequada tomada de decisão a este respeito.
No entanto, através do foco na mudança de estrutura e composição da vegetação na rocha, pesquisadores alemães, suíços, canadenses e americanos têm ajudado a desvendar os efeitos da escalada na flora local.
Os cientistas Clark and Hessl (2015), demonstraram após diversas análises, um impacto negativo da escalada sobre as espécies de plantas, incluindo:
- Redução da cobertura vegetal;
- Diminuição da riqueza de espécies;
- Extinção de espécies;
- Expansão de espécies invasoras.
Essas mudanças também alteraram as propriedades do solo (ex: textura, fertilidade e produtividades) e do microclima, resultando numa área mais propensa a distúrbios.
Além disso, o aumento do número de animais domésticos nos ambientes de escalada vem contribuindo para esse cenário.
Os pesquisadores observaram também que o impacto está diretamente relacionado com a frequência com que os setores são utilizados.
Por exemplo: locais de baixa frequência, geralmente frequentados por escaladores mais técnicos, sofrem danos relativamente leves, em contrapartida locais mais frequentados apresentam um impacto severo, com a conservação das espécies (especialmente as raras) sendo comprometida.
Deste modo, num mundo onde padrões alimentares, comportamentais e religiosos são duramente questionados, qual seria a nossa responsabilidade sobre as evidências citadas acima?
REFERÊNCIA
Clark P, Hessl A. The effects of rock climbing on cliff-face vegetation. Appl Veg Sci. 2015; 18: 705±715.